IMENSO MUNDO

Eu procurava o chão naquela hora e o que encontrei foram as suas pernas paralelas às minhas. Eu estava no meu mundo, desenhando suas curvas faciais, alisando seu cabelo e querendo descobrir se era sonho ou realidade. Não haviam outros pensamentos, pois nada haveria de ter tamanha importância. E eu me perdi. Me perdi nesse pensamento, enquanto imaginava que não se repetirá, que será único, para que tenha o gostinho que tudo que é único, tem. Me perdi na sua imensidão, no seu pegar, no seu domínio.  Me perdi nos seus beijos. Me sentia fora de órbita. Estar com ele novamente era desejo antigo. Seu cheiro, seu toque e sua boca ainda estão marcados em mim, não os perdi, pude confirmar. E tudo o que eu sei é que estes eu vou levar ansiando sempre preservá-los na memória. Por alguns segundos, pude ver o seu olhar, assim, o meu e o dele, fitados. Estagnados pelo prazer recém sentido e domados pela incredibilidade daquele momento ter se repetido após tantos anos. Conversas, sorris...

Já aprendi muita coisa nesse poucos anos de vida. E uma delas foi bloquear sentimentos sempre que necessário, e devo ter aprendido com você. Mas isso não significa fechar o coração, que fique bem claro. E muito pelo contrário.  Pra falar a verdade, quem mais ama é quem voz escreve nesse momento.  Sei e lembro cada passo que demos juntos. E como me lembro. Lembro-me diariamente, como você me fez feliz mesmo sem saber, quando lhe vejo no papel de parede do meu celular. Claro que não é definitivo, é algo meio que secreto, só coloco quando saiu na rua, vou ao banco ou até mesmo no terminal de ônibus. Lhe exibo para aquele cara que está ao meu lado me olhando insistentemente, para que ele entenda de uma vez por todas que eu sou sua E que meu coração já foi fisgado.  Daí então,  tanto olho-te que percebo sua ausência e percebo ainda que é hora de bloquear essa vontade de você.  Sei que não dá. Ao menos no momento, pois já tentei por diversas vezes e nada. É...

"Difícil precisar quanto preciso". (Você me bagunça - OTM)

                      Olhei e admirei minhas marcas deixadas na areia. Insistemente fui levada à pensar nos caminhos que andei, o que vivi, o que aprendi, o que conquistei... e onde irei chegar, sim, irei. Estou em mais uma daquelas fases não tão legais, mas dessa vez tento encarar de forma diferente.  Estou tentando viver cada hora, cada dia, sem pensar no futuro.  Mas isso não significa que deixarei de medir meus atos e de pensar nas consequências,  não mesmo,  irei apenas não esperar tanto desse tão almejado futuro. Não dá para planejar tanto algo que é incerto. O presente sim, esse não estou deixando passar batido e o que eu puder fazer hoje pela minha felicidade, eu farei,  sem pestanejar. Porque as pegadas na areia não duram, permanecem alí até que os grãos desfaçam sua forma tamanho 34 que ficam no passado marcado. Os seus futuros passos são incertos, suas pegadas são de hoje.  E essas...

Ando pelas ruas olhando os passantes para ver se me notam e se rola aquela troca certeira de olhares, imaginando que o cara sentado ao meu lado no ônibus poderia ser o meu "pra sempre", que poderia ser ele o que se viraria para estar ao meu lado, que me permitiria ser inteira para não ser só metade dele, que seria feliz ao dormir e acordar o meu lado. Mas isso se ao menos ele me enxergasse bem alí, se olhasse para o lado, se eu puxasse conversa, se eu não me sentisse tão estranha e inferior à ele e deixasse todo meu possível José apenas passar. Não quero a sorte de um amor tranquilo, com sabor de fruta mordida, eu quero só alguém que fique, mesmo que isso envolva tudo aquilo que tem em qualquer relação, e que seja verdadeiro, tolerável, compreensível, que seja amor. Daqueles que conseguem despir a alma, porque roupa qualquer um sabe tirar.  Não precisa ser algo totalmente novo! Se o passado voltasse a me olhar como uma nova chance eu agarraria esse novo começo e até busc...

Surpreendentemente ele me disse que pensou em mim esses dias. Um pensamento bom, eu creio, mas que me deixou sem reação e com um largo sorriso no rosto, o qual eu soube disfarçar muito bem. Mas é intrigante como a conversa parece ser séria mas para mim parece não ser de verdade, ao mesmo tempo que me ilude e estimula milhares de possibilidades de um novo "flashback". Daí então, entro na brincadeira e dou linha para ter certeza se é verdade ou não. Acaba que não chego a conclusão alguma. Eu brinco, ele brinca, nós brincamos. Mas no meio dessa brincadeira só falei verdades escondidas em mim, que provavelmente ele não acreditou por não imaginar que eu fizesse tais provocações assim tão na cara dura. Ele disse que ofereceria companhia, eu ofeceri minha cama e claro que eu não deixaria ele desfrutar dela sozinho, mas afirmei que ele ficaria só e ele não entendeu que gosto de fazer surpresas noturnas, acabou pendendo a oportunidade. Eu perdi, ele perdeu, nós perdem...