Não coma na panela
Ando pelas ruas olhando os passantes para ver se me notam e se rola aquela troca certeira de olhares, imaginando que o cara sentado ao meu lado no ônibus poderia ser o meu "pra sempre", que poderia ser ele o que se viraria para estar ao meu lado, que me permitiria ser inteira para não ser só metade dele, que seria feliz ao dormir e acordar o meu lado. Mas isso se ao menos ele me enxergasse bem alí, se olhasse para o lado, se eu puxasse conversa, se eu não me sentisse tão estranha e inferior à ele e deixasse todo meu possível José apenas passar.
Não quero a sorte de um amor tranquilo, com sabor de fruta mordida, eu quero só alguém que fique, mesmo que isso envolva tudo aquilo que tem em qualquer relação, e que seja verdadeiro, tolerável, compreensível, que seja amor. Daqueles que conseguem despir a alma, porque roupa qualquer um sabe tirar.
Não precisa ser algo totalmente novo! Se o passado voltasse a me olhar como uma nova chance eu agarraria esse novo começo e até buscaria não errar dessa vez - sim, se não deu certo antes é porque algo de errado havia- mas como acredito bastante em destino e que tudo acontece como deve ser, imagino que o passado realmente não me quer de volta e que o presente também não -pelo menos até o momento- a não ser o vendedor de cartões de crédito do centro da cidade que foi atencioso demais comigo outro dia e fiquei pirada na dele (mas foi só um flash, já passou).
Em meio a todas essas minhas possibilidades, lembro-me que desde criança tenho um delicioso hábito de comer algumas coisas na panela e que antes de comer lembro-me da minha avó falando que quem come na panela não casa. A consciência pesa e mesmo assim eu como na panela.
Poxa! Já não tá fácil e eu ajudando! Brigo comigo, intrigada, mas, feliz.
Sei que isso (provavelmente) não exerce força positiva alguma para meu encalhe, confesso que tenho minha parcela de culpa em alguns fatores que me levarão à ficar para titia mesmo sendo a primogênita por parte de mãe e pai.
Qualquer dia desses contrato uma empresa de publicidade para divulgarem meus dotes - sabendo que se alguém se interessar por eles logo, logo verá os defeitinhos que escondo gentilmente - ou entro de vez em um reality show de namoro pra desencalhar ou me perder de vez. (Risos)
O que eu sei é que comer na panela vez ou outra é de lei e por enquanto eu não largo.
Mas se a coisa não andar e eu continuar sem meu José, não conto outra, deixo-a de vez, porque se minha véia disse, no fundo, no fundo, deve ter um tanto de verdade nessa história.
Aaiii então eu arredo o pé e digo: - Não coma na panela, mulher, que teu José te procura.
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