Eu gostava mais dos cinco minutos com você na cama. Dormindo mesmo. A sua mania invasiva de colocar o peso das pernas – e não o do mundo – em cima de mim era reconfortante. “Você nunca vai estar sozinha” era o que o seu corpo me dizia. A respiração pesada e nada ritmada me deixava assustada e eu já passei noites sem dormir pra garantir o seu sono bom.
E nem era nada demais. É que você era meu sonho bom, e eu nem precisava estar dormindo pra isso.
Eu te deixava irritado porque, na verdade você me desorienta.
E nem era nada demais. É que com você eu sou eu e mais mil outros eus.
Que é pra te agradar e te contrariar. Pra tentar ser tudo o que você precisava em mil e uma noites. Que os meus melhores textos são sobre você – e que as minhas maiores confissões envolvem o que é nosso e o que ninguém mais sabe. Nem você mesmo. Você nunca soube que eu matava as saudades te guardando em caixas. E que o meu armário era montado com partes do que a gente foi e viveu. Que eu sei o seu cheiro de cor e salteado. Eu sinto de vez em quando no meu quarto. Mesmo que você não esteja lá.
Você nunca soube que eu sempre te trago pro presente. E não há passado que realmente tenha passado e te deixado pra trás. Que a minha linha do tempo só trata de você em modos únicos e imperativos. E que não há pedido ou ordem que tire o seu lugar suspenso do tempo na minha história. Que eu te resgato em tudo: desde as fotos aos cheiros. Desde as cartas que eu escrevo, empilho e não envio. Desde os sorrisos repuxados pelos cantos, espaçados no acaso, que são mais involuntários do que aquilo que eu sinto por você. E cada sensação minha tem um pouco de você. É que você sempre me deu nó.
Um dia você me perguntou “como vão falar de amor sem mencionar nós dois?”. E me disse que eu nunca chegaria a uma definição exata – nem parcial – de definição alguma.
O que você nunca soube é que eu escrevi essa carta pra falar de amor. E acabei não achando um jeito melhor do que falando de nós."
Daniel Bovolento.
E nem era nada demais. É que você era meu sonho bom, e eu nem precisava estar dormindo pra isso.
Eu te deixava irritado porque, na verdade você me desorienta.
E nem era nada demais. É que com você eu sou eu e mais mil outros eus.
Que é pra te agradar e te contrariar. Pra tentar ser tudo o que você precisava em mil e uma noites. Que os meus melhores textos são sobre você – e que as minhas maiores confissões envolvem o que é nosso e o que ninguém mais sabe. Nem você mesmo. Você nunca soube que eu matava as saudades te guardando em caixas. E que o meu armário era montado com partes do que a gente foi e viveu. Que eu sei o seu cheiro de cor e salteado. Eu sinto de vez em quando no meu quarto. Mesmo que você não esteja lá.
Você nunca soube que eu sempre te trago pro presente. E não há passado que realmente tenha passado e te deixado pra trás. Que a minha linha do tempo só trata de você em modos únicos e imperativos. E que não há pedido ou ordem que tire o seu lugar suspenso do tempo na minha história. Que eu te resgato em tudo: desde as fotos aos cheiros. Desde as cartas que eu escrevo, empilho e não envio. Desde os sorrisos repuxados pelos cantos, espaçados no acaso, que são mais involuntários do que aquilo que eu sinto por você. E cada sensação minha tem um pouco de você. É que você sempre me deu nó.
Um dia você me perguntou “como vão falar de amor sem mencionar nós dois?”. E me disse que eu nunca chegaria a uma definição exata – nem parcial – de definição alguma.
O que você nunca soube é que eu escrevi essa carta pra falar de amor. E acabei não achando um jeito melhor do que falando de nós."
Daniel Bovolento.
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