Enxerguei depois da faculdade
- Como é bom ver você assim, madura!
Essa foi a frase que me levou à perceber o
sentido da palavra EXPERIÊNCIA.
Não quero dizer que não tive ensinamentos
até aqui, pelo contrário, já aprendi bastante. Experiências não me faltam. O
que me faltava era parar e entender que eu amadureci com tudo que já vivi. Com cada
tropeço, cada degrau, cada erro e com cada obstáculo que já me foi dado.
Como a vida e a correria do dia-a-dia podem nos deixar cego ao ponto de não nos percebermos, não é? Vejo-nos dando cada dia
mais atenção ao que está em um dispositivo eletrônico do que ao que nos é
falado ou ainda ao que acontece diante dos nossos olhos, minuto a minuto.
Mas dessa vez me mantive atenta. Não podia
desviar atenção diante do que estava escutando. Pensei: “Ela está me vendo
madura?”, “Isso está visível?”, “Nossa! Que coisa boa!”.
E quem me falou essa frase e me levou a enxergar minha maturidade, foi a última pessoa que imaginei um dia falar isso para
mim.
Durante a minha graduação éramos como água
e óleo. Nos encontrávamos na sala de aula várias vezes por semana e em poucas,
ou quase nenhuma, tínhamos algum afeto pela outra. Mas ela me ensinou bastante,
mesmo que quiséssemos o contrário e mesmo sem ela perceber.
Ela foi minha professora na faculdade e a
matéria a qual ela lecionava é a que mais me identifiquei, mesmo não nos dando
bem e mesmo com toda a pressão que ela colocava sobre mim nas aulas,
seminários, provas...
Confesso que os alunos não deram a ela um
apelido agradável, por vezes ela nem tinha nome, mas ele tinha uma leve
semelhança com o de um tipo de cobra. Bem, deixemos esse detalhe.
Depois de 5 anos de convivência, retorno à
faculdade e a encontro direcionando um sorriso para mim. Estranho, mas, são
águas passadas, já me formei, tenho novos pensamentos e então retribui.
Conversamos um bom tempo, como nunca
havíamos conversado. Dessa vez não haviam cobranças, trabalhos à entregar,
dúvidas à tirar, provas à fazer. Foi diferente. Cheguei a esquecer que um dia
ela sugeriu que eu procurasse a ajuda de um especialista para algum possível
déficit que eu poderia ter. Juro que ela disse isso! E juro que, naquele
momento, consegui esquecer.
Conversa vai, conversa vem. Acontecimentos
passados foram contados como exemplo. Experiências vividas foram trocadas. Um
sentimento diferente estava amolecendo nossos corações e dizendo: -Está vendo?
Podemos viver bem uma com a outra!
E de repente ela me diz que estava feliz
em me ver alegre e amadurecida. Ainda deu uma fisgadinha lembrando-me como
cheguei na graduação. Mas isso me fez refletir, mais do que já havia refletido
sobre essa minha evolução, e ela completou me questionando: "-Você acha que
essa evolução foi positiva ou negativa?" "- Você se vê melhor antes
ou agora?".
É, ela sempre teve o costume de fazer perguntas difíceis.
É, ela sempre teve o costume de fazer perguntas difíceis.
Questões daquelas que você tem que pôr os
prós e os contras na balança.
Confesso que gostaria de ser a pessoa que fui e ter o que eu tinha alguns anos atrás, antes da graduação. Mas percebo que tudo era tão fácil, calmo, monótono. E além do mais, nem bagagem eu tinha. Nem experiências eu tinha para contar.
Hoje sim!
Confesso que gostaria de ser a pessoa que fui e ter o que eu tinha alguns anos atrás, antes da graduação. Mas percebo que tudo era tão fácil, calmo, monótono. E além do mais, nem bagagem eu tinha. Nem experiências eu tinha para contar.
Hoje sim!
E falto de aprendizagem, de família (mesmo
com os percursos da vida), de amores vividos e dos não correspondidos, de
amizades que tive, que tenho e que se foram. Falo dos conhecimentos que adquiri
-também com a contribuição dela- e dos que pude transmitir várias vezes.
É a tal da experiência! Aquela que falei a
alguns dias atrás e que fiquei devendo-lhes contar como eu cheguei a definição
dela.
Pois bem. Foi naquele dia que minha
professora, não tão amada, me fez enxergar, depois da faculdade, que eu
amadureci.
A menina, que, mesmo aos 24 anos, todas as
vezes é enxergada -por quem não conhece-a- como a menina de 15 anos, tem uma baita
bagagem de experiências e amadurecimento.
E é muito bom conseguir enxergar e ver que os outros também conseguem ver isso.
Obrigada, professora!
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